Depois do fanatismo e da tragédia

DEPOIS DO FANATISMO E DA TRAGÉDIA:
JUSTIÇA E PAZ
Aconteceu tragédia no palco da vida, onde esta palpita forte, onde homens e mulheres se cruzam ao ritmo célere de todas as motivações. Milhares de inocentes foram sacrificados, em nome de um fanatismo neste momento ainda sem rosto e sem responsáveis identificados.
A humanidade tremeu incrédula, em estado de choque, perante o desenrolar do drama. O coração da dignidade da pessoa humana foi esventrado de uma maneira inimaginavelmente brutal.
Foram tomadas todas as providências que se impõem para auxílio dos feridos, resgate dos mortos e restabelecimento da normalidade nos locais afectados. Tudo vai levar muito tempo, mas está ao alcance dos homens.
Mais problemático e difícil será, no entanto, normalizar consciências, reflexos e atitudes.
São inevitáveis as declarações que se vão produzindo e os apelos que se ouvem, ditados por sentimentos de profunda repulsa e de retaliação contra quem possa estar ou ter estado em relação com a autoria da tragédia.
A CNJP apela a que se faça justiça, investigando com todo o rigor e punindo exemplarmente os responsáveis, e concertando esforços efectivos para prevenir e suster o terrorismo.
Os governos e as organizações responsáveis não poderão, porém, incorrer no risco da injustiça de fazer mais inocentes pagar pelos culpados ou da generalização abusiva destes quanto à sua origem étnica ou credos religiosos.
Isso não faria mais do que disseminar mais sementes de violência que, perto ou longe, cedo ou tarde, germinam e matam.
É este perigo de uma grave injustiça no fazer justiça que é preciso evitar enquanto é tempo. A morte não é, nunca foi o caminho para nada.
A hora é dramaticamente difícil. Por isso, mais do que nunca é necessário saber conciliar a firmeza da luta contra o terror e a impunidade, com a fortaleza da serenidade.
A esta desordem internacional em que se misturam factores explosivos de fanatismo letal, indignidade humana, relativismo ético, globalização do terror e indiferença do sofrimento, saibamos ser capazes de responder com o mais elevado e rigoroso sentido de justiça, na esperança de uma total concertação no combate ao mal, ao mesmo tempo profundamente despertos para com o sofrimento humano que grassa no mundo.
Lisboa, 13 de Setembro de 2001

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