A laicidade positiva

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José Luís Seixas

17 09 2008 09.18H

O êxito da visita papal a França é reconhecido pela generalidade dos observadores.

A presença entusiástica e participativa de 250 000 pessoas na celebração de Paris é um facto de relevância inelutável e uma demonstração impressiva de Fé colectiva.

Há, porém, um momento, certamente menos grandioso e espectacular, que ultrapassou o carácter apostólico da Visita, mas que assumiu uma importância invulgar no domínio do político.

Refiro-me ao notável discurso (ver aqui) proferido pelo presidente Sarkozy no dia 12 de Setembro, no Palácio do Eliseu, dominado pela dissecação do conceito da"laicidade positiva", um "neologismo político" por ele criado aquando da sua campanha eleitoral. A «laicidade positiva», considera Sarkozy, «é a laicidade aberta, é um convite ao diálogo, à tolerância e ao respeito».

Oferece às nossas consciências a possibilidade de uma reflexão serena e solidária, para lá das crenças e dos ritos, sobre o sentido que queremos dar às nossas vidas, singular e colectivamente perspectivadas.

Não ignora, não demoniza, não exclui, não subestima a importância das religiões no desenvolvimento humano, na moralização do capitalismo financeiro, na busca do bem comum como fim último da actividade política, colhendo possivelmente no legado de Teilhard de Chardin a convergência radical na preservação e salvaguarda da dignidade humana.

Convergência excepcional - como sublinha Sarkozy - entre a experiência humana, as grandes tradições filosóficas e religiosas e a própria busca da razão.

E remata: «Conheço a importância das religiões na resposta à necessidade de esperança dos homens e não menosprezo a necessidade de esperança.»

Palavras avisadas por entre a tempestade que a Humanidade atravessa.

José Luís Seixas

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