W.

DESTAK

JOÃO CÉSAR DAS NEVES

06 11 2008 07.59H

A eleição americana foi cheia de surpresas. Há ano e meio ninguém sabia quem fosse Barack Hussein Obama. Há três meses ignorava-se Sarah Louise Heath Palin. Em poucos dias a máquina mediática mais poderosa de sempre tornou elegíveis ilustres desconhecidos. Apesar disso o sucesso político mais improvável dos últimos tempos continua a ser o de... George W. Bush.

A lista de defeitos deste político impossível é demasiado longa, como mostra "W.", o filme de Oliver Stone. Alcoólico com juventude turbulenta, que o levou à cadeia, o filho mais velho do Presidente Bush parecia empenhado em destruir as hipóteses de uma carreira política. Ou outra qualquer. Empregos abandonados e negócios falhados mostravam-no incompetente, sem falar nas eternas e ridículas gaffes oratórias. Até a súbita e devota conversão religiosa é insólita. Pior de tudo, ele foi indiscutivelmente um menino privilegiado, sempre salvo pelo pai. O ocupante da Casa Branca dos últimos oito anos parece ter feito tudo para perder.

Em comparação, o curriculum, competência, oratória e táctica dos pretendentes deste ano são banais. John McCain é mais um herói de guerra e experimentado senador. Barack Obama, também senador nacional, é tribuno notável, foi docente universitário e senador estadual. Ambos e os seus vices seguiram uma vida dedicada à política pelas vias clássicas e são, apesar de tudo, candidatos plausíveis e comuns. O mundo anda tão ocupado a odiar o ainda Presidente que se esqueceu que é ele o caso interessante, a experiência inesperada e heterodoxa. Agora volta-se ao normal.

João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

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