O flanelógrafo, o acetato e o Magalhães

PÚBLICO 26.03.2009
Helena Matos

Para quem não se lembrar, o dito flanelógrafo consistia numa prosaica flanela onde as professoras colavam umas árvores, cães, casas, etc., tudo devidamente recortado em flanelas coloridas. Ao mesmo tempo que iam colocando, graças a uns velcros, todo este universo de flanela diante dos nossos olhos, repetiam a respectiva designação em francês ou inglês.
Jamais percebi porque entendiam aquelas esforçadas almas que nós fixaríamos melhor os vocabulários e pronúncias, caso as víssemos passadas a flanela, mas tenho de reconhecer que tudo aquilo lhes dava um trabalho monumental, sobretudo porque as flanelas rapidamente deixavam de se comportar como deviam.
Entusiasmo maior foi contudo o gerado pelo acetato. Aula que se prezasse tinha dúzias de acetatos. Garantiam os mais dados a estas técnicas que noutros países mais avançados até se faziam doutoramentos sobre o uso dos acetatos. Hoje os acetatos devem estar a fazer companhia aos flanelógrafos. Desconheço se em alguma aula, em alguma escola, alguma criança aprendeu melhor alguma coisa por causa dos flanelógrafos e dos acetatos. Mas tenho fortes dúvidas que tal tenha acontecido.
O mesmo se passa com o Magalhães. Ao contrário das flanelas e dos acetatos, a informática tem possibilidades quase infinitas de utilização. Mas meter computadores em aulas onde não se domina o português e não se conseguem fazer contas é uma tolice que vai deixar marcas muito mais negativas do que as flanelas coloridas.

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