...os gregos procuram a sabedoria. Quanto a nós...

…os gregos procuram a sabedoria. Quanto a nós…

Estas palavras tiradas da parte da primeira carta de S. Paulo aos Coríntios lida na missa dominical de ontem são o ponto de partida para reflectir em vários acontecimentos desta semana que passou.

Todos eles sugerem a dificuldade no conhecimento da verdade que é o caminho para a sabedoria; porque a procura da verdade não é, como para os gregos, a verificação da minha ideia sobre a realidade, mas o espanto com a verdade de Deus.

Dizendo isto vem-me à mente a frase do dia de 6 de Março, a propósito da palavra que em Ciência anuncia novas descobertas: opostamente à resposta imediata da maior parte de nós, não é “Eureka”, mas um “Tem graça!” espantado com a capacidade que a realidade tem de nos surpreender.

O primeiro episódio, logo no início da semana, foi a carta do Padre Edson Rodrigues (pároco de Alagoinhas) que nos conta o lado que a imprensa escondeu no caso da grávida de gémeos em Alagoinhas e que se pode ler aqui. Percebemos quanto o modo como nos chegam as notícias sobre o que se passa pode ser mudado, manipulado, reconstruído, de modo a parecer outra coisa.

O segundo foi a carta impressionante do Papa sobre a remissão da excomunhão aos bispos lefévrianos (cuja leitura recomendo vivamente – aqui -.

Nela, o Santo Padre chama a atenção, com mágoa, para o modo como uma intenção de aproximação e de acolhimento a um grupo numeroso de irmãos foi transformado num motivo de discórdia e de rejeição. É impressionante a maneira, humilde e cheia de autoridade, com que Bento XVI chama à unidade de afeição e de critério com o Pastor Supremo. Pegando no título desta mensagem, “Quanto a nós…”, diante de uma proposta ou um juízo que não encontra em nós imediata compreensão, como reagimos? Uma suspeita fundada em critérios mundanos de correcção política – ou uma confiança na maternidade da Igreja?

Esta confiança tem como premissa a procura do esclarecimento, porque ninguém se substitui a nós no uso dramático da nossa liberdade.

Sem presunção, é o que procuro fazer para mim, buscando um modo justo de enfrentar a vida e procurar a felicidade. Neste caminho, algumas das coisas que leio partilho com o Povo, quer enviando uma mensagem quer afixando no Povo.

Também durante esta semana indicaram-me um artigo sobre a união de vida entre pessoas do mesmo sexo, que, embora defendendo o casamento heterossexual, preconiza uma solução a que chama união de vida. Embora sem concordar com o artigo na sua totalidade pareceu-me que o poderia publicar, na medida em que apresenta argumentos razoáveis em favor da dignidade do casamento. Alguns amigos a que muito agradeço, chamaram-me a atenção para o erro em que se pode cair quando, em vez de procurar a verdade, nos ficamos pela nossa opinião sentimental sobre as coisas.

A frase do dia, que “por acaso” encontrei, lembra-nos nas palavras de D. António Ferreira Gomes, provavelmente pensando em G. K. Chesterton, como é possível, com as nossas “verdades enlouquecidas”, fazer o mal, por amor ao bem.

Uma prévia simpatia com o que a Igreja nos ensina é de uma ajuda inestimável à construção de um critério seguro. Sobre este assunto o documento da Congregação para a Doutrina da Fé sobre os projectos de reconhecimento das uniões entre pessoas homossexuais é de uma clareza liminar, distinguindo claramente o respeito para com as pessoas do erro que é o reconhecimento legal destas uniões. Sem a correcção fraterna destes amigos, não teria tido a preocupação de procurar esta fonte de critério que são, para um católico, os documentos da Igreja.

É isto que o Papa nos diz numa recente mensagem dirigida ao Cardeal Stafford, em que chama a atenção para a prioridade pastoral que é a formação das consciências porque o mundo não compreende o que é o pecado.

É tempo de concluir, completando a frase de S. Paulo: “Quanto a nós, pregamos Cristo crucificado…, que é poder e sabedoria de Deus. Pois o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens e o que é fraqueza de Deus é mais forte que os homens”.

Um abraço com amizade

Pedro Aguiar Pinto

Comentários

CRM disse…
Mas, neste nosso mundo dominado pelo pragmatismo, para convencer alguém a deixar que a sua consciência se forme, há que 1º convencê-lo pelo bom e coerente exemplo, alimentado na oração.

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