Governo sem jornais ou jornais sem Governo

RR on-line, 20090520 Graça Franco

A polícia considerou que as verdades reveladas pelo Daily Telegraph eram de interesse público e suspendeu as averiguações por fuga de informação.


"É horrível! São todos uns vigaristas!" Assim desabafava, ontem, um cidadão britânico face às câmaras de televisão, mostrando até que ponto a descrença no regime é avassaladora entre o povo.

Horas antes, pela primeira vez em trezentos anos, o presidente da Câmara dos Comuns demitira-se no último episódio do escândalo da utilização indevida de dinheiros públicos por parte de pelo menos 18 deputados e que afecta já todos os partidos.
As despesas abusivamente apresentadas e pagas pelos contribuintes, não tinham aparentemente limites: desde o pagamento de hipotecas, à compra de electrodomésticos, passando pelos pagamentos aos jardineiros, a comida para cão ou aos enfeites de Natal.

Mas no meio desta hecatombe surge uma boa notícia: a polícia considerou que as verdades reveladas pelo Daily Telegraph eram de interesse público e suspendeu as averiguações por fuga de informação.
O escândalo, longe de ser uma espécie de golpe de misericórdia num regime podre, confere-lhe uma hipótese de redenção.

São mais actuais do que nunca as palavras de Jefferson, um dos pais fundadores da América, numa carta escrita em 1787: “Se a base dos nossos Governos é a opinião das pessoas, o primeiríssimo objectivo deve ser salvaguardar esse direito”. E rematava: “Se fosse chamado a escolher entre um Governo sem jornais ou jornais sem Governo, não hesitaria um momento em escolher o último”.
Os britânicos estão neste ponto. E escolheram bem!

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