A escolha dos cientistas

in: Jornal por Nicolas Wharf, Publicado em 30 de Junho de 2009

Numa democracia parlamentar, enquanto povo delegamos a tarefa de governar nos políticos, porque nos parece que eles podem fazê-lo melhor que nós, ou então porque não temos tempo para o fazer nós mesmos. Da mesma maneira, na sociedade moderna, enquanto povo, delegamos a tarefa de obter o progresso nos cientistas, porque nos parece que eles podem fazê-lo melhor que nós, ou então porque não temos tempo para o fazer nós mesmos.

No entanto, há uma descontinuidade entre aquilo que a sociedade espera dos políticos e aquilo que espera dos cientistas. Nenhum de nós espera que os políticos façam tudo bem, mas qualquer sugestão de incerteza pode desacreditar toda uma área científica aos olhos do público. A razão de ser de tudo isto pode estar no processo de votação.

No momento de votar há um contrato não escrito entre a sociedade e os políticos, que diz que, embora eles possam não ser perfeitos, os aceitamos como o melhor de que dispomos, uma vez que os escolhemos directamente, i. e., classificamo-los a um nível relativo. No entanto, uma vez que em nenhum momento foi estabelecido um contrato entre a ciência e a sociedade, a ciência é julgada a um nível absoluto.

Se a sociedade enfrentasse este assunto, podiam ser-lhe inculcadas algumas importantes ideias científicas. Como acontece com a democracia, ninguém pode dizer que o raciocínio científico é perfeito, mas a alternativa é sem dúvida pior.

Astrofísico

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