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A mostrar mensagens de dezembro, 2009

Um bom ano de 2010

A passagem de ano é uma celebração do tempo que passa. É isto que caracteriza o tempo: o movimento; é esta a sua natureza. O tempo a que chamamos agora, já foi, rapidamente é passado, já não existe. O agora, o presente, é substituído pelo que há-de vir, o futuro. O futuro também não existe, é apenas provável. O nosso mundo vive no espaço e no tempo, mas o tempo parece ser aquilo que constantemente nos foge, que constantemente nos falta, que constantemente determina o sucesso ou o fracasso. A própria noção de crescimento, o modo como avaliamos, a riqueza, a saúde das crianças e até a nossa maturidade intelectual e espiritual implica um intervalo de tempo e duas medições. O nosso maior drama actual é a dificuldade em lidar com o tempo. A propósito conto uma pequena história que ouvi a um padre jesuíta: - " Conta-se que o Pe. António Vieira, nas suas viagens no interior do Brasil era acompanhado por um conjunto de escravos índios que carregavam os mantimentos e tudo o

Patriarca de Lisboa: «Não» ao casamento entre pessoas do mesmo sexo é questão civilizacional (in Ecclesia)

Agência Ecclesia, 20091231 «Não» ao casamento entre pessoas do mesmo sexo é questão civilizacional A oportunidade de um referendo sobre o assunto, a actual legislatura e a igreja de Troufa Real entre os acontecimentos de 2009 analisados por D. José Policarpo Em entrevista ao Programa ECCLESIA, com transmissão no dia 31 de Dezembro, o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, comenta alguns acontecimentos que marcaram a vida da sociedade e da Igreja Católica durante o ano de 2009. O Patriarca de Lisboa comenta o debate em torno do casamento entre pessoas do mesmo sexo, certo de que "há matérias que não são referendáveis". "O referendo é um instituto político, que não compete sequer à Igreja pedi-lo, a meu ver". Mas se houver referendo, "pela nossa palavra e pelo nosso diálogo, esclareceremos os cristãos e toda a gente que quiser ouvir-nos das nossas razões. No caso, de um voto não". Nesta entrevista à ECCLESIA, D. José Policarpo comenta tamb

Ano de 2010: o que tem de ser

DN, 20091231 Maria José Nogueira Pinto Este ano inicia-se com uma espécie de chek list: a lista de todas as coisas que têm de acontecer. O Governo vai ter de governar. Isto significa uma ideia de Portugal, uma perspectiva do futuro e uma mão-cheia de escolhas. Obriga a valores, imaginação, capacidade de decisão. O Governo não poderá governar no confronto histórico ou na nostalgia ideológica, tão-pouco o poderá fazer na colisão de um realismo imprescindível com profissões de fé assentes mais no preconceito do que na convicção. A ser assim, ao Partido Socialista, de que saiu o Governo, competirá resolver algumas contradições internas geradas sobretudo pela óbvia discordância entre os guardiães do templo, a consciência histórica da resistência e as feridas ainda abertas com aqueles que, pela sua postura e discurso convenceram a maioria dos portugueses de que a esquerda ainda tinha soluções para os novíssimos problemas. A oposição não poderá comportar- -se como uma força de blo

Tempos difíceis

Raquel Abecasis RR on-line 28-12-2009 10:10 Na despedida de 2009, resta esperar que o próximo ano traga, pelo menos, mais bom senso e juízo à classe política portuguesa que, bem ou mal, tem por função governar o país. Espera-se que o Primeiro-ministro pare para pensar e desista de encenar uma crise política que ninguém quer. Espera-se que o Presidente se assuma como tal, imponha respeito ao Primeiro-ministro e lhe diga que foi para governar que lhe deu posse. Finalmente, espera-se que o principal partido da oposição acabe com um longo processo de auto-destruição em praça pública e possa, no próximo ano, começar um caminho que lhe permita estar presente de corpo inteiro em próximos actos eleitorais. O que todos desejamos em 2010 é que os nossos políticos demonstrem o que valem, porque é nas horas difíceis que se distinguem os estadistas dos outros. E é de estadistas que precisamos agora.

Frase do dia

O optimismo do meu tempo era, todo ele, falso e desencorajador, porque se esforçava por demonstrar que nós nos adaptamos a este mundo. Ora, o optimismo cristão assenta no facto de que nós não nos adaptamos a este mundo G. K. Chesterton

Portugal é dos países que menos investem na família

por Inês Cardoso e Kátia Catulo, i-online,28 de Dezembro de 2009 O Labour de Gordon Brown defende que a prioridade são os pais, e não as crianças, e prepara medidas para contrariar a dissolução das famílias Portugal debate de forma acalorada o casamento gay, entre anúncios sobre a crise da família, enquanto no Reino Unido o Partido Trabalhista acaba de assumir o elogio ao casamento e à estabilidade das relações. Um pacote de propostas a apresentar em Janeiro pelo governo de Gordon Brown parte deste princípio: as crianças estão melhor quando os pais permanecem juntos. É um discurso que, vindo da esquerda britânica, apanha de surpresa políticos e sociólogos portugueses - nem sempre pelas mesmas razões. Investimento em serviços de mediação e aconselhamento familiar, introdução de aulas sobre sexualidade e estabilidade nas relações, além da criação de medidas que previnam as separações no período pós-natal são algumas das sugestões referidas pelo ministro britânico da Educação, Ed

A próxima guerra

DN20091228 João César das Neves No seu esforço para promover consenso na cimeira de Copenhaga sobre as alterações climáticas, o primeiro ministro britânico Gordon Brown afirmou que, no caso de falhar o acordo, haveria uma «catástrofe económica sem precedentes ... equivalente a duas guerras mundiais e a grande depressão» (Telegraph.co.uk; 7:30am 16/Dez/2009). Ninguém duvida das boas intenções da frase mas, mesmo assim, o que ele disse é um enorme disparate. O mais significativo na declaração é o grau de banalização do horror inconcebível de uma guerra mundial que manifesta. Agora uma simples questão de temperaturas é considerada semelhante aos maiores morticínios da história. Mas esta não é uma afirmação estranha e até se pode considerar bastante representativa nos dias que correm. A cada momento se ouvem paralelos com as guerras mundiais. No ano passado por esta altura todos falavam de grande depressão como algo próximo. E ainda ninguém se lembrou de notar que, afinal, as semelha

Papa Bento XVI apela à defesa do casamento 'tradicional'

Papa Bento XVI apela à defesa do casamento 'tradicional' por PATRÍCIA JESUS DN, 20091228 As palavras do Papa são desvalorizadas pela associação ILGA, que considera que a Igreja não tem nada de interessante a dizer sobre o casamento civil. Homossexuais católicos dizem ser urgente repensar posição da Igreja. O Papa Bento XVI saiu ontem em defesa da família "fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher", num vídeo difundido no encontro das famílias que decorreu em Madrid e onde estiveram dezenas de portugueses. Uma mensagem que insiste num tema que alguns bispos portugueses abordaram recentemente, a propósito da aprovação do casamento gay. Mas, para os católicos homossexuais portugueses, a Igreja tem de repensar urgentemente as relações afectivas entre pessoas do mesmo sexo. No Domingo da Sagrada Família, foi em castelhano que o Sumo Pontífice se dirigiu aos milhares de cristãos de toda a Europa reunidos em Madrid para o terceiro encontro das famílias, u

E a seguir?...

Público, 20091227, Vasco Pulido Valente Recebi do meu banco a seguinte carta: "Exmo. Sr., De acordo com o determinado pelo aviso do Banco de Portugal nº (...) os titulares de todas as contas bancárias, seus representantes e/ou autorizados deverão proceder à actualização dos respectivos elementos de identificação e à entrega dos documentos comprovativos. Assim solicitamos que nos (...) entregue os documentos (abaixo) assinalados: bilhete de identidade, cartão de contribuinte, comprovativo de morada, comprovativo de profissão e entidade patronal." Só falta, como eles dizem, um comprovativo da propriedade pessoal, um comprovativo do estado civil, um atestado de saúde e, não tarda muito, uma coleira no pé, para o Banco de Portugal saber exactamente por onde anda cada um de nós, não vá a gente frequentar sítios de que ele não gosta.A primeira dúvida que esta carta suscita é de saber se o Banco de Portugal tem autoridade para invadir a privacidade de qualquer cidadão por

Papa sai em defesa do casamento entre homem e mulher

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Fotografia do El Pais Bento XVI saiu este Domingo em defesa da família “fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher”, considerando que a mesma é de “suma importância para o presente e o futuro da humanidade”. Lusa O Papa saudava desde o Vaticano centenas de milhares de cristãos reunidos em Madrid para rezar pela família, uma inicitiva iniciada há dois anos e que tem lugar no Domingo depois do Natal - Domingo da Sagrada Família. Este ano o encontro teve dimensão europeia e vários autocarros partiram de Portugal para participar na Missa presidida pelo Cardeal Rouco Varela, Arcebispo da capital espanhola. Numa intervenção via satélite, antes da recitação do Angelus, Bento XVI afirmou que a família “é caminho seguro para o encontrar e conhecer, assim como um apelo permanente a trabalhar pela unidade de todos á volta do amor”. “Daí que um dos maiores serviços que nós cristãos podemos prestar aos nossos semelhantes – salientou o Papa - é oferecer-lhes o nosso testemunho sereno e firm

Festa da Sagrada Famíla, Domingo, 27 de Dezembro de 2009

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Sagrada Família (pormenor) Rembrandt Óleo sobre madeira (41 x 34cm) Musée du Louvre, Paris

Sartre e o Natal de Jesus

Sartre

Jean-Paul Sartre e o Natal

«A Virgem está pálida e olha para o Menino. Seria preciso pintar no seu rosto aquela admiração ansiosa que se viu apenas uma vez num rosto humano. Porque Cristo é o seu filho, a carne da sua carne e fruto do seu ventre. Ela teve-O em si própria durante nove meses e dar-Lhe-á o seio e o seu leite tornar-se-á sangue de Deus. Nalguns momentos a tentação é tão forte que esquece que Ele é Filho de Deus. Aperta-O nos braços e sussurra-lhe: “Meu pequerrucho”. Mas noutros momentos fica perplexa e pensa: “Deus está ali” e é invadida por um religioso temor por este Deus mudo, por esta criança que num certo sentido incute medo. Todas as mães ficam perplexas, por um momento, diante daquele fragmento da sua carne que é a sua criança, e sentem-se exiladas perante esta nova vida feita da sua vida, habitada por pensamentos alheios. Mas nenhum filho foi arrancado à sua mãe de forma tão cruel e radical, porque Ele é Deus e ultrapassa completamente tudo o que ela poderia imaginar… Mas penso q

Não ser cristão no Natal, os minaretes e a placa de Auschwitz

Público, 20091226, José Manuel Fernandes Quando uma cultura maleável e relativista choca com outra firme nas suas doutrinas, por regra é a primeira que cede Sajda Khan é uma britânica de fé muçulmana. Escrevia esta semana no Times Online : "Quando era criança, nunca percebi realmente o que era o Natal, apenas sabia que se celebrava o nascimento de Jesus." Só muito mais tarde aprendeu que Jesus também era um dos Messias citados no Corão - citado, mais exactamente, 25 vezes. Foi nessa altura que também percebeu que o cristianismo e o islamismo "partilham as mesmas raízes teológicas". Mesmo assim Sajda Khan não festeja o Natal. Nunca festejou, recordando até que, quando estagiou num hospital, se oferecia para trabalhar nestes dias para os seus colegas poderem tirar folga. Ora esta opção - insignificante, diríamos - diz muito. Porque Sajda podia fazer como tantos outros nas sociedades descristianizadas do Ocidente: adoptar o Natal como uma festa familiar