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A mostrar mensagens de 2010

O novo fardo do homem, e cristão

Público, 2010-12-31 José Manuel Fernandes É um sinal dos tempos a indiferença perante o regresso das perseguições religiosas um pouco por todo o mundo Bernard-Henri Lévy defendeu esta semana, no El País , que "os cristãos formam hoje, à escala planetária, a comunidade perseguida de forma mais violenta e na maior impunidade". Mais: "enquanto o anti-semitismo é considerado um crime e os preconceitos anti-árabes ou anticiganos são estigmatizados, a violenta fobia anticristã que percorre o mundo não parece ter qualquer resposta". Curiosas palavras vindas de um não-cristão, interessantes considerações proferidas por quem, em tempos, ajudou a fundar o SOS-Racismo. E singularmente coincidentes com as de Bento XVI, que, na sua mensagem a propósito do próximo Dia Mundial da Paz , também notou que "os cristãos são, actualmente, o grupo religioso que padece o maior número de perseguições devido à própria fé". São raras as notícias sobre estas perseguições, mas is

31 de Dezembro - S. Silvestre

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  S. Silvestre I e Constantino Doação de Constantino (ca. séc. XIII) Fresco Santi Quattro Coronati Roma

Aproveitar a crise

Aura Miguel, RR on-line 31-12-2010 8:30 Sabem qual é o nosso problema? É que não gostamos de sacrifícios. Achamos que a vida só é boa quando não há contrariedades, quando nos distraímos, quando rimos com os amigos ou fazemos aquilo que nos apetece. Mas que grande ilusão!... Bem sabemos que não é assim, que não existe esperança, nem beleza, nem bondade, nem justiça, nem amor, nem relações verdadeiras sem sacrifício. Assim, a terminar este ano, desejo, a todos, um óptimo 2011 sem ilusões. Um ano cheio de vida verdadeira, leal, fecunda, sincera. E, portanto, com sacrifícios. Por isso, provavelmente, a crise vai fazer-nos bem, porque terá o mérito de nos reconduzir às coisas verdadeiramente importantes da vida. Se assim for, podemos vir a ser melhores pessoas e, até mesmo, finalmente, vir a mudar Portugal.

Falharam a vida, meninos

Público, 2010-12-30  Helena Matos A geração de 60 será em Portugal uma das primeiras em décadas e décadas a ser sucedida por outras que viverão pior Nas fotografias que gostam de mostrar têm o cabelo revolto e um ar de quem tem a certeza de tudo. São a chamada geração de 60, definição imprecisa mas prática por essa imprecisão que permite englobar nela muitos daqueles que foram jovens um pouco antes ou depois dessa década ícone para a geração que não só nos tem governado como também construiu o mundo imaginário onde vivemos. Esse mundo onde público era sinónimo de justiça e gratuitidade rimava com solidariedade. Esse mundo onde governar bem equivalia a fazer cada vez mais promessas de redistribuição e onde o Estado passou a ser entendido como o grande doador. Esse mundo onde não haveria mais guerras porque tudo se resolveria pelo diálogo, esse mundo onde a corrupção era um problema dos outros, sobretudo daqueles que os tinham antecedido, porque eles eram puros. A cada dia que passa,

29 de Dezembro - S. Tomás Becket

Excerpto do filme Becket (1964) realizado por Peter Glenville, com Richard Burton and Peter O'Toole ( ficha )

Igreja do Sacramento recebe prémio Vilalva 2010

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Add caption Este ano o prémio foi para esta instituição intitulada Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja da mesma Soberana Invocação da Cidade de Lisboa, que assumiu o restauro dos tectos da nave e do presbitério, dos vãos dos janelões das paredes laterais da nave, das nove telas do presbitério e do batistério da igreja. Com uma construção que data do século XVI, a igreja do Santíssimo Sacramento foi a única igreja reconstruída após o terramoto de 1755 que manteve a sua estrutura anterior. O galardão é oferecido anualmente pela fundação Calouste Gulbenkian a um projeto selecionado entre vários a concurso, que representem importantes contributos para a defesa do património histórico nacional. O prémio, no valor de 50 mil euros, será entregue à Irmandade do Santíssimo Sacramento numa cerimónia a 10 de janeiro na igreja do Sacramento em Lisboa.

A Irlanda e o aborto

Público, 2010-12-28 Pedro Vaz Patto A lei irlandesa continuará a exercer algum efeito de contenção. Não será algum tribunal europeu a impedi-la de o fazer Muitas das notícias sobre a recente sentença do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem a respeito da legislação irlandesa sobre o aborto dão a entender que esse tribunal condenou a Irlanda por causa dessa legislação e da proibição, que dela decorre, do aborto em todas as circunstâncias excepto em caso de perigo para a vida da mulher. Daí poderia concluir-se que a Convenção Europeia dos Direitos Humanos consagra o direito ao aborto e impõe uma alteração dessa legislação, tão restritiva e contrária à da quase totalidade dos países membros do Conselho da Europa. Mas não foi esse, claramente, o sentido da decisão do Tribunal de Estrasburgo, pelo que um esclarecimento se impõe. A pretensão das recorrentes neste caso ( A. B. e C. contra Irlanda ) era essa, na verdade: que o tribunal declarasse a proibição do aborto contrária ao artig

Aborto: Hora de reabrir a discussão

Raquel Abecasis, RR on-line,  27-12-2010 09:11 Os últimos dados estatísticos provam aquilo que para muitos era óbvio, antes de se alterar a legislação: três anos depois da despenalização do aborto em Portugal, o número de abortos está a crescer de forma assustadora. Este ano, foram feitos, em média, 53 abortos por dia . Na análise a estes números, o director de obstetrícia do Hospital de Santa Maria lamenta que as mulheres não tenham compreendido a lei e que não haja mais medidas de prevenção da gravidez. A realidade é de tal modo assustadora, com os especialistas e defensores da lei a reconhecerem que a prática do aborto é hoje um método anti-concepcional, que só por si deveria levar os responsáveis a reconhecer o erro das teses que defenderam em 2007. Diante de uma tragédia destas dimensões, o pior que se pode fazer é persistir no erro. Três anos depois, está na altura de se reabrir uma discussão que nunca foi feita de forma honesta. Os que em 2007 defenderam com tanto calor os d

28 de Dezembro - Santos Inocentes

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  O Massacre dos Inocentes Giotto  (1304-1306) Fresco Capella degli Scrovegni Padua, Itália

O rancor sai caro

Público, 2010-12-27  Miguel Esteves Cardoso Ontem vi Wishful Drinking , o documentário da HBO que nos mostra Carrie Fisher como comediante stand-up , baseando-se no livro dela com o mesmo nome. Em Hollywood ninguém sabe rir da desgraça própria como Carrie Fisher - apesar de não haver muita concorrência. Vê-la e ouvi-la tem tanta graça como lê-la, até porque todo o monólogo foi escrito até à perfeição. Recomendo Wishful Drinking a toda a gente mas, sobretudo, àqueles que vagamente se lembram dela como a Princesa Leia do primeiro Star Wars . No fim do espectáculo, Carrie Fisher interrompe a comédia para partilhar o que ela diz ser as únicas duas coisas que aprendeu na vida. A segunda - que uma mosca tanto pode pousar num cagalhão como num bolo - parece mais um encolher de ombros perante a aleatoridade da vida do que uma pérola de sabedoria. Mas a primeira, que tem muito peso numa vida tão azarada como a dela, é verdadeira e está bem apalavrada: "Guardar rancor a alguém é como t

Oportunidade histórica

DN2010-12-27 JOÃO CÉSAR DAS NEVES Os homens crescem mais nas tormentas que na bonança. Por isso vivemos hoje uma ímpar oportunidade histórica: podemos finalmente dar o salto que falta para nos confirmar no ritmo do futuro. Depois de ser líder cultural no Renascimento, lançando e conduzindo a gesta da globalização marítima, o pequeno Portugal deu-se mal na época civilizacional seguinte. Não foi por os ideais iluministas terem chegado tarde ou demorado a estabelecer-se. A penetração começou em meados de setecentos com o marquês de Pombal e, após dura guerra civil, estavam definitiva e triunfantemente implantados a partir de 1834. A maioria dos países europeus sofreu um reaccionarismo mais longo, demorando a adquirir estavelmente um regime aberto. Ao contrário do que se diz, o problema nunca esteve no atraso da modernização. Aliás, o País antecipou várias ideias que a Europa viria a aplicar, como a abolição da pena de morte ou a criação do banco central. O mal sempre foi a qualidade dos n

O fato usado do presidente

Zita Seabra, DN 2010-12-26 Três dias antes do Natal, assistia calmamente ao Telejornal da RTP1 quando vi a grande notícia da noite. Entre os atentados em Bagdade e as agências de rating, uma voz off anuncia o que as câmaras filmam: o presidente da maior empresa pública portuguesa a levar dois saquinhos de papel com roupa usada e um brinquedinho (usado) para uns caixotes de cartão, cheios de coisas usadas para oferecer no Natal. Fiquei comovida. Que imagem de boa pessoa, que gesto bonito: pegar num fatinho usado do seu guarda-vestidos que deve ter uns 200 e num pequeno brinquedo de peluche, e depositar tudo no caixote de cartão para posteriormente ser redistribuído? À administração da empresa? Não, a notícia explica que é para oferecer aos pobrezinhos, que estão a aumentar com a crise. A RTP, Telejornal à hora nobre, filma o comovente gesto. Em off, o locutor explica o sentido dizendo que alguém vai ter no sapatinho um fato de marca. Olhando para os sacos de papel, percebe-se que esse a

Mensagem Urbi et Orbi de Sua Santidade Bento XVI

Santo Natal, 25 de Dezembro de 2010     « Verbum caro factum est – o Verbo fez-Se carne» ( Jo 1, 14). Queridos irmãos e irmãs, que me ouvis em Roma e no mundo inteiro, é com alegria que vos anuncio a mensagem do Natal: Deus fez-Se homem, veio habitar no meio de nós. Deus não está longe: está perto, mais ainda, é o «Emanuel», Deus-connosco. Não é um desconhecido: tem um rosto, o rosto de Jesus. Trata-se de uma mensagem sempre nova, que não cessa de surpreender, porque ultrapassa a nossa esperança mais ousada. Sobretudo porque não se trata apenas de um anúncio: é um acontecimento, um facto sucedido, que testemunhas credíveis viram, ouviram, tocaram na Pessoa de Jesus de Nazaré! Permanecendo com Ele, observando os seus actos e escutando as suas palavras, reconheceram em Jesus o Messias; e, ao vê-Lo ressuscitado, depois que fora crucificado, tiveram a certeza de que Ele, verdadeiro homem, era simultaneamente verdadeiro Deus, o Filho unigénito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade

Beleza e luz

Aura Miguel, RR on-line 24-12-2010 11:11 No meio da correria e actividade frenética que antecedem o Natal, queixamo-nos de o essencial passar ao lado. Mas como, habitualmente, Deus costuma andar longe da nossa vida - e da nossa acção - fica tudo reduzido à canseira das compras, à troca de presentes e aos excessos gastronómicos. Tudo embrulhado em papel vistoso – claro - e típicas iluminações natalícias, de preferência, inócuas sem qualquer referência ao nascimento de Cristo. Pois no Iraque é o oposto: não há iluminações nem decorações natalícias, nem sequer nas igrejas. E não haverá Missa do Galo em nenhuma igreja cristã de Bagdad, Mossul e Kirkuk. Esta noite, os cristãos que, corajosamente, ainda lá vivem, fecham-se em suas casas para celebrar o acontecimento decisivo que põe as suas vidas em risco: o nascimento do Salvador. Com que emoção os nossos irmãos do Iraque acolherão esta noite o Deus menino que vem ao nosso encontro!... Ele que é a verdadeira beleza e a verdadeira luz e q

O prodígio que todos esperamos

Julián Carrón, Osservatore Romano, 2010-12-23 “Toda a minha vida foi também atravessada pelo sentimento de que o cristianismo traz alegria, dá dimensão. Por fim, também seria impossível suportar a vida como alguém que é sempre do contra.” ( Luz do Mundo , p. 21). Estas palavras de Bento XVI lançam-nos um desafio: o que significa ser cristãos hoje? Continuar a crer simplesmente por tradição, devoção ou costume, fechando-se na própria concha, não está à altura do desafio. Da mesma forma, reagir com força e ir contra para recuperar o terreno perdido é insuficiente. O Papa chega a dizer que é “insuportável”. Um e outro caminho – retirar-se do mundo ou ser do contra – não são capazes, no fundo, de suscitar interesse pelo cristianismo, porque nenhum dos dois respeita aquilo que sempre será o cânone do anúncio cristão: o Evangelho. Jesus colocou-se no mundo com uma capacidade de atracção que fascinou os homens do seu tempo. Como diz Péguy. “Ele não perdeu os seus anos gemendo e interpelando

Natal na Luz

1. Frei João P. de passo estugado, naquela noite de 24 de Dezembro, sob uma chuva torrencial batida por forte ventania, fazia por chegar a horas ao “Despertar do Menino”. É tradição, na Ordem Franciscana, antes da Missa do Galo, o Guardião com uma imagem do Menino Jesus, acompanhado de dois irmãos com velas, ir pelos corredores do convento cantando Christus natus est nobis ! Venite adoremus ! (Cristo nasceu por (para) nós! Vinde adoremos!). À medida que vai batendo à porta da cela de cada Irmão, estes abrem-na, beijam o Menino e incorporam-se, com velas, formando procissão até à Igreja. Ao subir os degraus de acesso ao portão de ferro forjado deparou com um vulto de costas, encharcado, tremente de frio, de cabeça erguida, olhando para o alto. Frei João, barbudo, encapuzado no seu gore-tex negro, para assinalar a sua presença tossicou. O vulto virou-se e ao deparar com aquela carantonha barbuda ao fundo de um grande capuz negro expediu um grito. Era uma jovem, de rosto pálido, olheiras

Natal

DESTAK | 22 | 12 | 2010   17.53H João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt A crise era séria, profunda, duradoura. Herodes, fascinado pelas obras públicas, oprimia o país com impostos. Depois do embelezamento grandioso do Templo, vieram as fortalezas, Masada e Herodium, e as novas cidades Cesareia Maritima e Mamre. A dívida externa crescia e o Império Romano ameaçava com austeridade ou intervenção directa de um Procurador. O povo, sucessivamente enganado por gerações de dirigentes, já não acreditava em nada. Israel sentia-se confuso e desorientado. Pior, estava desanimado, deprimido, não via saída.Foi então que «o povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles» (Is 9, 1). A solução veio do Alto, inesperada, explosiva, desconcertante, ultrapassando infinitamente o problema do momento. Não surgiu na capital, no palácio, na monarquia, mas num cantinho obscuro, um estábulo com uma manjedoura a servir de berço. Foi

Há 53 abortos legais todos os dias em Portugal

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i-online  Sílvia Caneco, Publicado em 22 de Dezembro de 2010  | Especialistas entendem que três anos e meio depois da legalização, os números já deveriam ter começado a decrescer Opções a - / a + · Votar: Rating: 0.0 · Enviar · Imprimir · Comentar · Recomendar · Partilhar · Audio A lei que entrou em vigor em 2007 despenaliza o aborto até às dez semanas de gestação. Faltas às consultas de planeamento e repetições de aborto continuam a preocupar médicos Este ano, por cada dia que passou, foram feitos 53 abortos legais. Em 2007, os números não ultrapassaram os 36. O número de interrupções voluntárias da gravidez tem crescido sucessivamente desde que a prática foi despenalizada há três anos. Em 2009, houve 19 572 contra os 18 607 abortos praticados em 2008 (mais 965). E, até Agosto de 2010, os casos já atingiram o patamar dos 13 mil. Ou seja, a manter-se a média actual, 2010 vai fechar ligeiramente acima do ano anterior, o que contraria a tendência decrescente noutros países europeus qu