O desafio da manifestação pela família e pelo casamento

Público, 2010.02.24 António Pinheiro Torres
É preciso partir da realidade e não da ideologia, partir do homem e não do Estado, é preciso mais liberdade!
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Sábado, 20 de Fevereiro: conforme se encontra amplamente documentado nos diversos órgãos de comunicação social nacionais e estrangeiros, milhares de pessoas concentraram-se no Marquês de Pombal, desceram a Avenida da Liberdade e participaram na Festa da Família nos Restauradores.
Não sabemos o número exacto de pessoas que estiveram presentes e ninguém honestamente poderá dizer com certeza quantos eram. Mas apenas que eram muitos milhares, de todas as idades, pobres, ricos e remediados, alguns, poucos, conhecidos e na sua esmagadora maioria anónimos, de diferentes partidos, confissões religiosas e clubes desportivos, de muitas raças e de todas as cores culturais e sociais. Um caleidoscópio de portugueses unidos pela determinação comum em mostrar a beleza do casamento e da família e em gritar bem alto a exigência de que o povo se possa pronunciar sobre o seu destino. Daí a alegria, tranquilidade e firme determinação que caracterizaram esta iniciativa da Plataforma Cidadania e Casamento.
Da mesma forma que no momento da chegada da faixa dianteira aos Restauradores ainda havia manifestantes a sair do Marquês de Pombal, também o processo de contestação do casamento entre pessoas do mesmo sexo e de exigência de um referendo sobre a matéria não se iniciou nem se encerra com a manifestação de ontem. Antes prossegue na serenidade de quem sabe assistir-lhe a razão, de quem lhe sobra em determinação, de quem não abdica de lutar pela liberdade e pela afirmação da beleza dos valores que defende.
Esperamos que uma tão expressiva manifestação, a presença na rua de milhares de pessoas, com o significado imanente de que por uma que se manifesta, muitas mais pensam como ela, venha completar o que pelos vistos faltou na avaliação do significado das mais de 92 mil assinaturas recolhidas pela Iniciativa Popular de Referendo: a consciência por todos os actores políticos, dos partidos aos órgãos de soberania, de que existe em Portugal uma exigência clara de que o casamento entre pessoas do mesmo sexo seja sujeito a referendo, que o Estado não é o dono da família nem da vida dos homens e mulheres que se casam, têm filhos, os educam, trabalham, amam, vivem os seus limites, buscam a sua felicidade e a dos outros.
Mas para além do seu valor próprio no processo de contestação da lei proposta pelo Governo, a manifestação da Plataforma Cidadania e Casamento tem outro significado que se constitui como desafio no actual momento político do país. A manifestação mostrou uma vez mais que existe um povo, um movimento social independente e autónomo dos partidos, com uma agenda clara (liberdade de educação e religiosa, subsidiariedade, vida e família), uma estrutura permanente e quotidiana, capaz de mobilizar milhares de assinaturas, manifestantes ou votos, que, com excepção de algumas ocasiões ou pessoas, não encontra no sistema dos partidos de poder o eco correspondente.
Numa ocasião em que no principal partido de oposição se disputa a respectiva liderança, mas sobretudo este procura reencontrar a sua identidade, numa altura em que o país constata que precisa de mudar de governo e uma imensa maioria silenciosa clama por uma alternativa democrática capaz de unidade e pluralidade, propostas claras e distintas do PS, em especial nas questões de civilização, a resposta ao desafio da manifestação pela família e pelo casamento é a resposta de que carece Portugal: é preciso partir da realidade e não da ideologia, partir do homem e não do Estado, é preciso mais liberdade! 
Mandatário da Plataforma Cidadania e Casamento

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