Crise e futebol

DESTAK | 14 | 07 | 2010   21.33H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
A reacção nacional ao resultado da selecção constitui uma boa explicação para a nossa crise económico-social.
Dos 19 campeonatos mundiais da História, Portugal só esteve em cinco fases finais. Assim, antes de partir para a África do Sul, estes jogadores iam já à frente da maioria das gerações anteriores.
Ficámos em terceiro lugar em 1966, primeira vez que lá fomos, e em quarto em 2006, a última. Nas outras duas vezes, 1986 e 2002, falhámos na fase dos grupos. Assim, derrotados nos oitavos-de-final em 2010, conseguimos o terceiro melhor resultado de sempre. Além de fazermos a maior goleada deste campeonato e uma das maiores da história (houve apenas um caso de 10-1, dois de 9-0, três de 8-0 e quatro 7-0, incluindo este), cumprimos a velha regra.
Das três vezes em que passámos a fase de grupos, fomos sempre derrotados por um futuro finalista, a vencedora Inglaterra em 1966, França em 2006 e Espanha agora. Em resumo, somos uma das 16 melhores selecções do mundo, e sem o azar de enfrentar o campeão tão cedo, teríamos ido mais longe.
Que diz a maioria dos portugueses a isto? O desânimo, desilusão, mas também os palpites, críticas, raiva e agressão mostram um grave problema psicológico.
Não na equipe, mas no público. Saltando da euforia para o desalento, mostramos uma imaturidade e irrealismo infantis.
Felizmente que no campeonato económico da globalização essas tolices contam pouco. Mas não admira que estejamos em crise e que a maior parte do que se houve acerca dela sejam disparates simplistas e ilusórios como no futebol.

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