Golden Share

DESTAK | 07 | 07 | 2010   21.02H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Toda a gente tem opiniões sobre o uso da golden share governamental na Portugal Telecom, no caso da compra da participação na brasileira Vivo pela Telefónica espanhola. O que tem mais graça é que o fundamento dessas opiniões passa normalmente ao lado do problema.
Muitos criticam a decisão por violar as regras do mercado. Mas qual é o mercado a que se referem? A PT é um antigo monopólio público num sector onde o Estado regula e intervém fortemente, aqui e em todo o mundo. A golden share foi apenas a forma mais visível de uma interferência que foi, é e será sempre intensíssima. Se há coisa com que este problema nada tem a ver é o mercado.
Outros apoiam a opção por defender um interesse nacional fundamental. Mas qual é exactamente esse interesse? Será que uma empresa parcialmente portuguesa ter uma quota parcialmente influente numa empresa parcialmente brasileira é mesmo decisivo para o futuro de Portugal? O único interesse envolvido é o fornecimento de telefones, TV cabo e afins aos consumidores. É evidente que, qualquer que seja o resultado do negócio, esse interesse ficaria exactamente na mesma.
Finalmente, uns e outros baseiam as suas opiniões na análise de uma longa e complexa negociação, sobre a qual sabem pouco mais de nada. Foram divulgados alguns detalhes menores por certas partes interessadas, com o objectivo evidente de influenciar a opinião pública. A verdade poucos a conhecem.
Nisto tudo, o mais espantoso é que toda a gente tenha opiniões sobre o uso da golden share governamental na PT.

Comentários

Nunca entendi a razão pela qual o Capuchinho Vermelho (PT) foi para a floresta (Brasil) passear de mão dada com o Lobo Mau (Telefónica).

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