20 de Agosto - S. Bernardo

S. Bernardo e os seus monges
Tríptico do Altar de Le Cellier
1509
Jean Bellegambe
Óleo sobre madeira
Painel lateral esquerdo (95.9 x 25.4 cm)
The Friedsam Collection
Metropolitan Museum of Art
New York
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S. Bernardo de Claraval nasceu no seio de uma família nobre em Fontaine cerca de Dijon em 1090. Depois de ter frequentado a escola dos Cónegos regulares de Notre Dame de Saint-Vorles em Châtillon entrou no Verão de 1113, juntamente com os seus seis irmãos, o seu tio e alguns companheiros, aos quais demoveu a imitarem o seu exemplo, na recentemente fundada abadia de Cister. Em 1115 foi enviado como abade fundador para Claraval. Três anos mais tarde erigiu o seu primeiro mosteiro derivado de Claraval, em Troisfontaines, aquela que seria a primeira de uma série de cerca de 70 fundações sob a sua alçada directa, para não contar os cerca de 100 mosteiros que através de toda a Europa ainda no tempo de S. Bernardo haveriam de ficar associados à casa mãe de Claraval.

Em 1133, 1135 e 1137/1138 S.Bernardo deslocou-se a Itália onde haveria de desempenhar um papel decisivo na superação do cisma entre Anacleto e o Papa Inocêncio III. Em Junho de 1140 tomou partido no concílio de Sens, no qual se exigia a condenação de Abelardo (1079-1142); do mesmo modo, em 1148, interveio também no concílio de Reims, no qual foi levantada acusação contra a doutrina de Gilberto de la Porrée(1075-1154). Em 1145 viajou pelo Languedoc, no sul da França, em ordem a proceder contra os seguidores de diversas heresias que então grassavam nessa região. Em 1147 foi encarregado pelo Papa Eugénio III de pregar a segunda Cruzada, a qual, em 1148, haveria de redondar no mais completo fracasso. Depois disso deslocou-se ainda à Renânia e à Baviera, tendo regressado nos inícios de 1153 à sua região natal, acabando por falecer em 20 de Agosto de 1153 em Claraval.

A Igreja autorizou a sua veneração a partir de 1163, tendo a sua canonização ocorrido em 1174 pelas mãos do papa Alexandre III.
Os escritos de S. Bernardo podem ordenar-se da seguinte maneira: em 1119 ou 1120 apareceu a sua Carta a Roberto (ep. 1); pouco tempo depois apareceram as quatro homilias De laudibus Virginis Matris; ainda antes de 1122 ou 1125 publicou o tratado De gradibus humilitatis et superbiae; por volta de 1124-1125, a sua Apologia; cerca de 1127, a epístola-tratado De moribus et officio epis­co­po­rum; antes de 1128 apareceu o De gratia et libero arbitrio; entre 1126 e 1141 escreveu otratado De diligendo Deo; em 1135 publicou o tratado De laude novae militiae ad milites templi; entre 1135 e 1153 apareceram as Homilias sobre o Cântico dos Cânticos; em 1140 escreveu sobre as heresias de Abelardo; cerca de 1140 publicou o tratado De conversione ad clericos; antes de 1143-1144 surgiu o tratado De praecepto et dispensatione; entre 1145 e 1153 foi escrito o De consideratione; depois de 1148 escreveu a sua biografia de Mala­quias de Armagh. Além disso, é ainda de registar o facto de que ao longo de toda a sua vida activa S. Bernardo foi escrevendo Homilias sobre o ano litúrgico, para além dos seus Sermones de diversis, das suas Sentenças, bem como de todo um conjunto aproximado de 500 cartas sobre os temas mais diversos. Em todos estes escritos, S. Bernardo revela-se um escritor exímio, capaz de fazer uma escolha pertinente e agradável das palavras, de recorrer a jogos de palavras e, em geral, de proceder a uma composição clara e cheia de vigor literário. Como escritor, S. Bernardo revela-se um verdadeiro artista da palavra. De facto, para além de notável organizador e condutor de homens, S. Bernardo de Claraval foi, sem dúvida, um cultor exímio dos grandes géneros literários herdados da antiguidade clássica e dos grandes autores da Patrística. Felizmente, para o conhecimento da sua obra, eixte uma edição crítica dos seus escritos, edição essa que se deve particularmente ao cuidado de Dom Jean Leclercq (1911-1993), insigne historiador beneditino do século XX, e que foi publicada entre 1957 e 1976.

S. Bernardo de Claraval foi proclamado Doutor da Igreja Universal em 1830 pelo Papa Pio VIII.

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