Desânimo

DESTAK | 22 | 09 | 2010   19.51H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
«O desemprego registou uma subida em Agosto, mas o Governo diz que se confirma a tendência de descida» (RR, jornal das 24, 17/set).
Esta frase paradoxal mostra bem a nossa situação política. Os ministros já nem fingem resolver problemas. Limitam-se a esbracejar para nos convencer que os problemas não existem e as coisas, afinal, não estão assim tão mal. Independentemente da realidade.
É espantoso como o cargo e o poder levam pessoas inteligentes a dizer enormes disparates de que um dia, voltados à vida real, se arrependerão com vergonha. Mas o momento cega-os.
Momentos como este, em que os líderes se escondem no autismo e ficção, são comuns em todas as sociedades. Quem os vive sente terrível desorientação, amargura, até angústia. Mas não se deve exagerar a sua influência porque, por muito dolorosos e avassaladores que pareçam, um dia esfumam-se sem consequências.
Vimo-lo há pouco nos EUA. O segundo mandato de George W. Bush foi um penoso calvário de incompetência e apatia. Mas esses anos, que tanto danificaram o espírito e a imagem dos americanos, evaporaram-se com a eleição de Obama e o novo fôlego que ela trouxe. Por cá algo foi igual com a subida ao poder de Cavaco Silva em 1985, após anos de crise pantanosa.
Claro que não é fácil encontrar uma nova liderança inspiradora, e ainda não se vislumbra quem a possa protagonizar aqui. Mas entretanto é essencial não exagerar o espírito depressivo, que cada discurso ministerial confirma e se tornou numa das causas principais da crise. O desânimo nacional levanta facilmente.

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