Revolução

DESTAK | 13 | 10 | 2010   18.34H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Arevolução de 5 de Outubro de 1910 seguiu os cânones das transformações radicais. Controlada inicialmente por moderados, depressa caiu nas mãos de extremistas e num terror intenso e destruidor.
Seguiu-se a inevitável derrota dos fanáticos e o regresso à paz podre, acabando tudo nas mãos de um ditador, grande beneficiário do tumulto. Foi assim a revolução francesa de 1789, repetir-se-ia o enredo sete anos depois, na revolução russa de 1917.
Se o padrão é comum, o aspecto relevante está nas diferenças do episódio lusitano. A primeira é a ausência de massacres. Morreu muita gente na revolução mas, ao contrário de jacobinos e bolcheviques, o Partido Democrático não chacinou Unionistas e Evolucionistas.
Quando Afonso Costa impôs uma dinâmica jacobina, derrotando António José de Almeida e Brito Camacho, não copiou Robespierre, cortando a cabeça aos girondinos, ou Lenine, fuzilando os mencheviques. Por isso, expulso Costa, os moderados que tomaram o poder foram os mesmos que o tinham perdido para ele.
A segunda diferença é que o ditador final não foi um megalómano conquistador ou um maníaco sanguinário, mas um pacato professor de Finanças que pretendia uma sociedade serena e mediana. Apesar dos defeitos e erros, Salazar nunca provocou as expedições de Napoleão ou as purgas de Estaline que mancharam a fase terminal das outras revoluções.
É por causa destas duas diferenças que Portugal hoje, cheio de problemas, tem um regime muito mais equilibrado e saudável que a França tinha no centenário de 1889 ou a Rússia terá em 2017.

Comentários

João Wemans disse…
Parabéns por esta bela síntese!

É bom ser Português.

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