O povo é sábio ...

Rui A.
10 Maio 2011
A três semanas de umas eleições legislativas onde se escolherá um governo que substituirá o que nos levou à bancarrota, não é ainda claro que os eleitores prefiram mudar de protagonistas. Pelo contrário, todas as sondagens apontam para uma tendência de empate técnico entre o partido do governo e o partido que lidera a oposição. Para além dos méritos e deméritos mediáticos dos líderes políticos e de alguma vantagem na instrumentalização da opinião pública que quem está no governo sempre tem, isto é devido ao facto dos portugueses não vislumbrarem uma verdadeira alternativa à direita, como era sua obrigação apresentar e não lhes foi apresentada. Na verdade, o PSD ofereceu ao país um programa sonso, com coisas boas e outras francamente más, mas que em circunstância alguma se pode considerar uma proposta de mudança profunda em relação ao paradigma estatizante que nos tem governado, enquanto que o CDS continua a ser um partido em que o seu programa e a sua ideologia são o seu presidente. Ora isto, por mais esforço que se faça, não sossega ninguém, menos ainda os eleitores que já perderam a esperança nos políticos e na política, isto é, quase todos. Sendo, todavia, verdade que o país precisa de mudar de governo e de governantes, que o PS tem que ser castigado pela sua comprovada irresponsabilidade e que a direita não se conseguiu entender numa alternativa consistente, o melhor que nos poderia acontecer seria um governo de coligação PSD/CDS, em que os dois partidos tivessem resultados eleitorais mais próximos do que o habitual, de modo a obrigá-los a um esforço conjunto, equivalente e continuado para se manterem no poder com um governo que faça alguma coisa pelos eleitores. Uma transferência razoável de votos do PSD para o CDS poderá, assim, ser de alguma utilidade. E, segundo a maioria das sondagens, tudo indica que é o que irá acontecer. Sem fazer do CDS aquilo que ele não é, mantendo-o como o segundo partido da direita, será um aviso solene ao PSD, e obrigará os dois partidos a encontrarem conjuntamente uma alternativa séria ao socialismo, que eles não procuraram antes das eleições. O povo é sábio, não há dúvida!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

OS JOVENS DE HOJE segundo Sócrates

Hino da Padroeira

O passeio de Santo António