Lições do mar

Raquel Abecasis
RR on-line 05-12-2011 9:24

Mais do que uma boa notícia que veio animar o país em crise, o resgate dos pescadores de Caxinas é uma espécie de parábola que devemos reter nesta época de Natal, que, este ano, dadas as circunstâncias, vai mesmo ter que ser algo mais do que presentes e doces.
A pesca é uma das actividades primeiras do ser humano, uma profissão que exige bravura, sacrifício e que, pelas suas características, não deixa que os homens esqueçam as prioridades na vida.

O que o país viu ao longo deste fim-de-semana foi um grupo de homens simples, mas ricos. Perderam o local de trabalho, a embarcação em que saíam para o mar, mas provaram a um país que vive aflito com dinheiro que a vida é mais importante.

Ao longo de três dias, andaram à deriva numa balsa, com fome e com frio, mas unidos na esperança de serem encontrados, agarrados a um mesmo terço e obedecendo às ordens do mestre que tomou as decisões vitais, como os turnos para dormir ou como valer aos que estavam mais aflitos.

Ao fim de três dias, contra todas as expectativas, foram encontrados e recebidos em festa no país e na sua terra. Apenas um, ucraniano, não regressou a casa, porque vivia no barco afundado, nem voltou para a família, que continua na Ucrânia. Aos olhos do jornalista que o entrevistou, perdeu tudo, mas a sua resposta é elucidativa sobre o que é tudo: "Coisas? Essas compram-se com dinheiro. O trabalho e o dinheiro resolvem, isso não é nada comparado com o que ganhei, a vida".

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