Não querer ver

DESTAK |12 | 09 | 2012   18.31H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@ucp.pt
Portugal tem um único problema político: o Estado engordou monstruosamente. A despesa pública é insustentável e oprime economia e sociedade. Esta é o mal central e origem de todos os outros males, da crise financeira ao desemprego, da recessão à depressão generalizada.
Este problema simples tem solução linear: reduzir custos. O único caminho possível é eliminar organismos, dispensar pessoal, repensar a estrutura, alterar regras, fazer poupanças a todos os níveis. 
O nosso Estado tem de ser capaz de viver normalmente com cerca de 85% das despesas que tinha em 2010. Ou seja, gastar hoje, em termos reais, o que gastava há dez anos. Dizendo assim parece fácil, mas obviamente não é. 
Falamos do Estado, com despesas que são metade do produto nacional e afectam toda a sociedade. Pior ainda, inverter um processo de engorda demora tempo. 
Como a desconfiança dos credores exige resultados rápidos, é preciso usar expedientes temporários, como subir impostos e cortar salários e pensões. Isso tem apenas efeitos pontuais, inúteis para o problema básico, mas dão-nos tempo até as medidas de fundo operarem.
O problema é simples mas não o querem ver. O Governo, mais de um ano após o início do ajustamento, continua a insistir em medidas transitórias, sem impacto estrutural. A sociedade, essa ainda entende menos. 
Por exemplo, se o Estado tivesse a coragem de enfrentar a questão real, e despedisse funcionários, iria o Tribunal Constitucional permitir? Exigiria despedimentos iguais no sector privado, numa distorcida e tacanha ideia de equidade?

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