Lamento, mas ainda há boas notícias

Henrique Raposo (www.expresso.pt)
8:00 Segunda feira, 15 de outubro de 2012

Enquanto este governo faz aquilo que os governos desta república socialista sempre fizeram (aumentar impostos para alimentar uma despesa incontrolável e mui constitucional), o país real continua a trabalhar e a dar boas notícias. Perante um desprezo olímpico do país mediático, as exportações continuam a aumentar (13,7%). Com ou sem amor, o Made in Portugal continua a ganhar adeptos por esse mundo fora, mesmo nesta conjuntura de má fama para Portugal. Merece particular destaque o crescimento das exportações fora da zona euro (mais de 30% em alguns países). Esta economia exportadora vai ser a nossa tábua de salvação, com ou sem Euro, e não merecia ser invisível aos olhos das redacções.

Mais boas notícias? Ao contrário dos espanhóis e dos gregos, os portugueses estão a depositar cada vez mais dinheiro em contas poupança dentro do seu próprio país. Esta é outra mudança silenciosa mas fundamental: se não criarmos poupança interna, continuaremos dependentes dos tais mercados externos. Mais? No sector estatal e no sector privado, o consumismo desenfreado assente no crédito foi a primeira causa da crise, logo, os sinais de maior prudência consumista serão sempre positivos, mesmo que impliquem menos consumo e, por arrastamento, mais desemprego. E, de facto, parece que a prudência está a chegar aos portugueses na hora das compras. Há dias, o Expresso dizia que os portugueses estão a descobrir o conceito de smart shopping, coisa comum lá nos países das saunas e dos suicídios . O que é isso de smart shopping? Não comprar tudo à bruta e à francesa. Ora, os portugueses deixaram de comprar telemóveis à bruta e à francesa (-30% no primeiro trimestre). E o mesmo pode ser dito sobre o sector automóvel. Menos compras de carros e de telemóveis são sinais positivos depois do regabofe consumista das últimas décadas. Mas, infelizmente, estes factos aparecem nos média com um enorme manto de populismo negro, ai, ai, a crise, não comprei o último modelo que é quase idêntico ao anterior, ai, ai, a crise.

Mais? Tal como salientou João Vieira Pereira, a PT tornou-se na terceira empresa portuguesa a conseguir regressar aos mercados internacionais de dívida, depois da Brisa e EDP. Isto é um indício de que os mercados internacionais começam a abrir as portas a Portugal. E convém recordar que nós temos a troika no Terreiro do Paço, porque os mercados internacionais fecharam a porta aos nossos pedidos de empréstimos. Portanto, quando três empresas portuguesas conseguem entrar nesses mercados, estamos perante um sinal importante. Mas, como todos os sinais de viragem positiva, este facto tem sido pouco salientado. O Apocalipse tuga é que vende.

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