Papa: José Manuel Fernandes prevê figura de continuidade apesar da «pressão» por uma Igreja mais aberta

Missão da hierarquia católica na sociedade ultrapassa «opinião dominante», salienta o jornalista

Lisboa, 07 mar 2013 (Ecclesia) – O jornalista José Manuel Fernandes entende que o próximo Papa vai enfrentar dois grandes desafios, a "pressão" social por uma Igreja mais aberta ao "espírito dos tempos" e a redução do número de católicos na Europa.
Para o antigo diretor do jornal 'Público', entrevistado pela Agência ECCLESIA, há hoje "muito a preocupação, sobretudo fora da Igreja, mas também em alguns setores desta", de que a hierarquia católica "esteja em sintonia" com as tendências atuais, "com tudo o que tem a ver com a doutrina moral e com os costumes".
Em causa estão situações como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que tem estado a ser debatido em diversos países, e que tem merecido até a desaprovação da Santa Sé.
José Manuel Fernandes não espera qualquer tipo de mudança de paradigma, com a eleição do sucessor de Bento XVI, porque no seu entendimento, "uma coisa é a Igreja compreender que a forma como as pessoas se relacionam, as famílias se constituem, outra coisa é submeter a uma moda a sua doutrina".
"O que está no centro da doutrina da Igreja é a ideia do amor, não é a ideia da felicidade instantânea, e às vezes há confusão entre uma e outra, felicidade não é prazer imediato, isso muitas vezes cria mais desgosto, mais infelicidade, mais desestruturação em nome de valores muito fugazes", aponta o colunista.
O atual responsável pela revista "XXI, Ter Opinião", da Fundação Francisco Manuel dos Santos, salienta que o papel da Igreja não passa por ser "uma espécie de média daquilo que é a opinião dominante".
A "liderança" do Vaticano "não tem a ver com a entrega de bem-estar, como é esperado dos políticos", mas sim com a busca do conforto "espiritual" das pessoas, "uma lógica completamente diferente, que permitiu que a Igreja fosse importante por dois mil anos e não será seguramente com o novo Papa que isso se irá alterar", frisa o jornalista.
Autor de vários livros, entre os quais a obra 'Diálogo em tempo de Escombros', em parceria com o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, José Manuel Fernandes contraria as correntes que defendem a eleição pontifícia de um cardeal da América Latina ou de África, zonas onde a religião católica está mais "em expansão".
Para o comunicador, o facto daqueles dois territórios terem ganho mais terreno, relativamente a uma Europa onde o catolicismo "perdeu força" e "o número de agnósticos aumentou", não significa que o Velho Continente "não seja mais decisivo" para a evangelização da Igreja.
 "A Igreja nunca voltou a cara às situações difíceis, em que era necessário reconquistar as pessoas, as mentes, não só para uma fé plena mas para aquilo que são os valores que a Igreja representa", recorda.
Por outro lado - acrescenta o jornalista - "aquilo que torna a Igreja importante não é o número de pessoas que representa, é também o facto da cultura de grande parte do mundo ser formada pelos valores do catolicismo e do cristianismo".

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