Quem é o homem, para que dele te lembres?

No dia 21 de Março, as Nações Unidas celebraram o dia mundial do Sindroma de Down! Este dia marcou uma oportunidade espantosa de trazer à ribalta testemunhos e experiências de vida ao mesmo tempo que desperta as consciências para este assunto, que tantas vezes é posto de lado para dar lugar a "temas mais relevantes" (tal como o Dia Internacional da Felicidade que, e isto não é uma piada, teve lugar no dia 20).
A conferência – intitulada "o direito ao trabalho" – foi cheia de apresentações de pessoas afectadas pelo Síndroma de Down, incluindo organizações para deficientes, empregadores e prestadores de serviços de todo o mundo que vieram partilhar as usas melhores práticas. O evento culminou com um testemunho comovente de uma sul-africana advogada em causa-própria. Ela começou dizendo quão orgulhosa ela era de ser afectada pelo síndroma de Down e que sorte tinha desde que havia um nome (Trisomia 21) para o seu problema. Afirmou que o melhor presente que alguma vez tinha recebido era a sua vida e ter sido acolhida e aceite incondicionalmente pelos seus pais. Levantando a voz para sublinhar a importância de ser sempre verdadeiro para si próprio, reassegurou a audiência de como o "maior obstáculo na vida não é mudar as circunstâncias, mas em vez disso, mudar o modo como olhamos para elas". Com grande coragem e uma simplicidade desarmante ela contou a sua história e não obstante os desafios que teve que e ainda enfrenta, ela nunca desistiu e nunca foi desencorajada pela sua situação nem mesmo sentiu pena por si própria. "Nós merecemos viver e podemos ter uma vida cheira. Sinto-me tão triste quando penso em todas aquelas crianças por nascer que não têm a possibilidade de viver….A razão porque o Senhor me abençoou tanto é um mistério, porém todos devíamos estar agradecidos já que cada um de nós é especial".
Um outro homem, uma vez, falou a mesma linguagem, um homem que não só foi o pai da genética moderna, mas foi também o primeiro a descobrir a causa do Síndroma de Down (isto é, uma cópia extra do cromossoma 21). Um médico, pediatra e católico chamado Jerôme Lejeune deu o mais dignificado testemunho de como "o principal obstáculo da vida não é mudar as circunstâncias, mas em vez disso, mudar a maneira como olhamos para elas". Infelizmente Lejeune foi ignorado neste dia de celebração nas Nações Unidas (pode ster sido por causa da sua incondicional aceitação da vida, a sua valorização da existência sem mérito, porém, infinita, ou muito provavelmente pela sua declarada e firme posição contra o aborto). Apesar deste desconcertante silenciar da sua memória, eu gostaria de prestar uma homenagem especial a este homem.
Como pediatra, o objectivo principal de Lejeune era conhecer para poder curar e assim, cuidar das pessoas. Os princípios em que sempre se manteve firme e que estiveram no núcleo das suas posições em prol da cultura da vida, eram simplesmente a sua forte crença e as conhecidas provas biológicas de que cada homem é "único" e "irrepetível" e como tal deve ser protegido. A imagem da irredutível originalidade de todos os seres vivos tão querida para Lejeune era a profunda consciência que nós podíamos não estar aqui, mas estamos. O olhar para a realidade não pode ser outra coisa senão a origem duma contínua e inesgotável surpresa e pergunta. Este mistério que é tão temido na sociedade actual, recebeu o nome de alguém que te ama incondicionalmente: tal como Lejeune era "pai" dos seus pacientes, assim eram as famílias daqueles que eu encontrei no dia 21 de Março – homens e mulheres capazes de reconhecer a natureza única das suas crianças e desse modo descobrirem-se a si próprios como filhos e filhas!
Margherita Ciantia, Intern at WYA HQ, New York. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

OS JOVENS DE HOJE segundo Sócrates

Hino da Padroeira

O passeio de Santo António