Uma nova criação

A nossa permanente tentação de ter tudo à nossa medida, muitas vezes impede-nos de nos darmos conta da grandeza do que acontece.
No sábado passado, esta reflexão sobre a dimensão de ausência para que a liturgia católica nos educa, argumenta que a experiência do nada é condição para que sejamos capazes de viver com intensidade a novidade da Páscoa.
Este pequeno extracto do livro de Chesterton 'The Everlasting Man' dá-nos uma dimensão do acontecimento de Cristo Ressuscitado de tal modo grandiosa e definitiva que até me envergonha por tantas vezes viver o tempo pascal com a ligeireza como vejo os dia passar.
Ajuda-me também a tomar consciência da graça de que permanentemente somos alvo, ler este espantoso Conto de Páscoa do João César das Neves. Para aguçar o apetite é uma parábola do filho pródigo, em que o Pai não tem dois, mas três filhos
Um abraço com amizade
Pedro Aguiar Pinto


Desceram o corpo da cruz e um dos poucos homens ricos entre os primeiros Cristãos obteve permissão para o enterrar num túmulo escavado na rocha no seu jardim; os Romanos montaram uma guarda militar não fosse haver algum tumulto e uma tentativa de recuperar o corpo. Uma vez mais houve um simbolismo natural nestes procedimentos; parecia adequado que o túmulo fosse selado com todo o secretismo das sepulturas orientais antigas e guardado pela autoridades dos Césares. Porque nessa segunda caverna a totalidade da grande e gloriosa humanidade a que chamamos antiguidade foi reunida e fechada; e nesse lugar foi enterrada. Foi o fim de uma grande coisa chamada história humana; a história que foi  meramente humana. As mitologias e as filosofias estavam enterradas ali, os deuses, os heróis e os sábios. Na grande frase romana, tinham apenas vivido . Mas como apenas podiam viver, também apenas podiam morrer; e estavam mortos.

No terceiro dia os amigos de Cristo, vindos de madrugada até àquele lugar encontraram o túmulo vazio e a pedra afastada para o lado. De modos vários, compreenderam a nova maravilha; mas mesmo eles dificilmente compreenderam que o mundo tinha morrido naquela noite. Aquilo que viam era o primeiro dia de uma nova criação, com um novo céu e uma nova terra; e numa semelhança com o jardineiro, Deus passeou outra vez no jardim pela fresca, desta vez não ao crepúsculo mas de madrugada.

G.K. Chesterton: 'The Everlasting Man'




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