Igualdade de oportunidades

Público, 09/11/2013

Acabam mais uma vez de ser publicados os rankings. Trabalhados de diferentes formas pelos diversos órgãos de comunicação social, mas cada vez com maior profissionalismo e esforço de objectividade.
Já vai longe a audaciosa primeira edição destes dados. Fruto de uma luta clarividente de alguma comunicação social que os entendia como um direito dos cidadãos e informação básica para uma livre escolha da escola; mais esclarecida e autónoma.
Mas esta era também uma reivindicação, se calhar envergonhada e na altura quase escandalosa, de todos os que lutavam pela verdadeira liberdade de aprender e de ensinar baseados na assunção de que as famílias desejam e saberão escolher o melhor para os seus filhos e devem ter o direito de acesso a informação que lhes permita distinguir, pelo menos pelos resultados, a escola onde gostariam de os ter.
Daquele tempo para agora muita coisa mudou. E não duvidamos que este foi um dos fatores despoletadores dum debate que há anos não se esperaria (o da liberdade de educação). Até com resultados inusitados. Hoje é consensual a possibilidade de escolha entre escolas públicas em todos os ciclos e até se começam já a ver as intuídas vantagens duma sã concorrência.
Saudável concorrência que implica esforço, investimento e empenho renovados dos professores e das escolas. Não para iludirem ninguém, mas para oferecerem o melhor aos seus alunos. Este esforço redobrado acompanha a existência de meios que permitam às famílias e aos cidadãos em geral distinguir entre diferentes esforços e empenhos de diferentes escolas.
Tudo isto num ambiente de igualdade de oportunidades em que todas as crianças possam ter o enquadramento escolar que lhes seja mais confortável; onde os pais as sentem seguras, felizes e produtivas, a crescer bem nas vertentes a que dão relevância e acham verdadeiramente importantes.
O livre acesso à informação é fundamental para esta igualdade de oportunidades. As famílias têm de ter meios para distinguir bem os vários projetos educativos. Só assim terão todos as mesmas oportunidades na decisão.
Ninguém duvida já de que sabemos mais ao conhecer os rankings. Nestes anos todos percebemos também as suas limitações e enviesamentos. Mas não temos dúvida de que estamos nos alvores dum tempo em que as famílias não querem mais ser obrigadas a hipotecar o futuro dos seus filhos por imposições externas e exigem poder resistir a quem as obriga a colocar o seu bem mais precioso num sítio onde não se sentem confortáveis e descansados. A igualdade de oportunidades de todos escolherem ou se poderem candidatar à escola que queiram, qualquer que seja o meio que permita a sua concretização, necessita de audácia e originalidade de soluções.
Talvez tenha chegado agora o tempo da confiança na capacidade de cada escola se afirmar diferente, da certeza da habilitação das famílias para saberem distinguir o que querem escolher. O tal valor democrático de poder escolher entre várias opções, com liberdade e de modo responsável e responsabilizante. A criação de verdadeiras capacidades de escolha, ao criar ou aprofundar conceitos de justa redistribuição do esforço de todos para um direito que reivindicamos como universal.
Saúdam-se pois mais uma vez os rankings, instrumentos de liberdade e de responsabilização de todos!

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