Os rankings e a melhoria contínua

Público, 09/11/2013

A melhor forma de melhorar a qualidade das aprendizagens é melhorar a qualidade do ensino (education book, McKinsey). Ter todos os alunos na escola foi, até há poucos anos, o principal desafio que se colocou a Portugal.
Ainda hoje sofremos do facto de sermos um dos países da OCDE com a população ativa menos qualificada, facto que tem repercussões raramente estudadas ou consideradas quando discutimos a situação social do país. O sistema de saúde, os comportamentos no trânsito, a participação cívica, tudo são relações sociais em que uma população com baixas qualificações tem maiores dificuldades e vive em maior tensão do que uma população com mais qualificações.
Hoje, todos os alunos estão na escola. Portugal superou o desafio da quantidade. Mas isso por si só não basta. Agora, temos de conseguir que essa escolarização seja conseguida e de qualidade. E é aqui que entram os rankings.
Estas listas ordenadas de resultados dos alunos das escolas portuguesas não são um fim em si mesmo; são um meio, um instrumento, para prosseguir uma escolaridade de 12 anos de qualidade.
Até agora, porque a conclusão dos estudos bastava, ninguém se preocupava especialmente em conhecer os resultados, compará-los e percebê-los. Mas, felizmente, de há vários anos para cá (com grande mérito inicial para o jornal PÚBLICO), passámos a ter acesso a estes resultados escolares. Inicialmente, eram uma mera lista ordenada, pobre. Mas temos vindo sempre a melhorar. Primeiro, dados de contexto; depois, cálculos de valor esperado; e, este ano, cálculos de evolução. Isto é o princípio da melhoria contínua aplicado aos rankings.
No momento que vivemos, este robustecimento dos rankings tem uma importância acrescida. Além de possibilitar a cada comunidade educativa conhecer melhor os seus resultados em comparação com os dos outros (para ajudar à reflexão sobre como melhorar a qualidade do ensino), permite ao Estado dar passos relevantes no sentido da autonomia curricular das escolas.
Uma educação de qualidade para todos implica que se aceite que a diferenciação curricular efetiva é uma condição necessária de resposta à heterogeneidade social. Isto é impossível no espartilho burocrático existente.
Assim, os rankings, apesar das suas limitações e de por vezes mal amados, são um instrumento fundamental de libertação das escolas e dos seus profissionais.

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