Terceira semana do Advento, quarta-feira: Encruzilhadas

Um presente para pedir a Deus
Peço pelo dom do discernimento nas escolhas que tenho de fazer ao longo do caminho.
Uma reflexão para o caminho
Ninguém, creio, gosta de pensar na sua viagem da vida como estando totalmente pré-determinada, avançando simplesmente ao longo de carris fixos até chegar ao destino há muito escolhido. É por isso que as encruzilhadas são importantes. São um espaço para parar, para pensar nas opções e para recomeçar a viagem no caminho que livremente escolheu. Mas se as encruzilhadas oferecem a escolha, elas também proporcionam a possibilidade de optar pela escolha errada. Numa encruzilhada, preciso de estar particularmente confiante na direção que quero tomar, no mapa que estou a usar para me guiar, ou no conselho que me é oferecido.
Uma fonte de encorajamento é a capacidade que temos de aprender com os nossos erros. Por isso é importante meditar, na oração, diante das encruzilhadas da sua vida em que vários caminhos se estendem à sua frente. Consegue recordar momentos em que tem agora a sensação de que escolheu bem? Como é que foi o processo de escolha? Talvez consiga também trazer à memória aqueles tempos em que hoje está certo de que escolheu mal. O que é que pensa que correu mal? O que é que a impediu de tomar um opção melhor?
Poucas das nossas opções são definitivas. A nossa fé assenta na confiança de que Deus tem a enorme capacidade de converter os erros em experiências que podem, a longo prazo, beneficiar-nos. Isto é apreendido na ideia medieval de "felix culpa", a "culpa feliz". Segundo esta conceção, até a história bíblica do pecado de Adão e Eva, que nos expulsou do Paraíso, se tornou a possibilidade para Deus enviar o seu Filho, que é o Emanuel, o Deus connosco.
Consegue discernir momentos em que Deus usou alguns dos seus erros para criar um bem maior na sua própria vida ou na vida das pessoas à sua volta?
Uma passagem bíblica para o caminho
No capítulo 10 do Evangelho segundo Marcos, Jesus encontra um homem rico que está à procura de um sentido mais profundo para a sua vida. O homem está precisamente numa encruzilhada, sem saber que caminho escolher. Como resultado da conversa, Jesus oferece-lhe a possibilidade de se tornar seu discípulo, mas também aponta algo que vai custar. Ele não pressiona o homem; a escolha é dele e só dele.
Ao ler essa passagem, tendemos a saltar para o fim, quando o homem rejeita o convite de Jesus porque implica abdicar da riqueza. Como resultado, vai-se embora triste, é-nos narrado. Mas sugiro que na oração de hoje medite na situação que é estar no interior da própria encruzilhada, no momento em que o homem ouve o convite e pondera no que há de responder. Nessa ocasião, Marcos oferece um detalhe significativo:
«Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele...» (Marcos 10, 21).
Como é que se sente ao experimentar o olhar amoroso que Jesus lhe lança a si quando está perante decisões que tem de tomar?
Palavras para a viagem
Senhor das encruzilhadas,
a minha vida pode parecer cheia de escolhas, grandes e pequenas.
Ajuda-me sempre a tomar as decisões
que conduzam, a mim e a outros, na tua direção.
P. Paul Nicholson
In
An Advent pilgrimage, KM Publishing
Trad.: SNPC
18.12.13

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