E o massacre no Iraque, não acaba?

Quarta-Feira, 13 Agosto 2014 | Ricardo Perna | Família Cristã
os que ficam são obrigados a converter-se a uma religião na qual não acreditam ou a pagarem uma taxa mensal incomportável para os seus bolsos, e mesmo assim veem as suas mulheres violadas e as suas crianças mortas e as suas cabeças decapitadas e colocadas em estacas numa praça. Sim, é horrível. Mas sim, é mesmo assim...
Os dias passam e pouco se faz. Estamos no verão, silly season, dizem alguns, enquanto se esticam e aproveitam o sol. Quando entramos de férias, parece que o mundo se desliga à nossa volta. Deixamos de nos importar com o que se passa, até que voltemos ao trabalho.
Mas enquanto descansamos, do outro lado do mundo, há milhares (atenção ao número, são milhares) de pessoas a morrer, perseguidas e assassinadas. Sim, há uma guerra aberta aos cristãos e às minorias religiosas muçulmanas, que está a ser feita por uma cambada de fundamentalistas que se acham no direito de impor a sua vontade aos outros pela força. Escorraçados de onde vivem, sob ameaça de morte, os que ficam são obrigados a converter-se a uma religião na qual não acreditam ou a pagarem uma taxa mensal incomportável para os seus bolsos, e mesmo assim veem as suas mulheres violadas e as suas crianças mortas e as suas cabeças decapitadas e colocadas em estacas numa praça. Sim, é horrível. Mas sim, é mesmo assim, segundo os relatos que nos chegam das poucas fontes noticiosas internacionais que ousam falar sobre estes assuntos.
Há dias, uma reportagem da cadeia CNN que acompanhava um helicóptero que levava ajuda humanitária a refugiados no Curdistão deparou-se com um cenário incrível. Assim que o helicóptero pousou, dezenas de pessoas correram a elevar os seus filhos e eles próprios para dentro do helicóptero, numa tentativa desesperada de fuga de uma situação sem igual. As imagens impressionam, mas apenas quem as vê sentado em casa no computador ou na televisão.
A área em questão continua sem ter um corredor de ajuda humanitária a funcionar, e não há ninguém que intervenha para parar com a barbárie que acontece diariamente ali, onde milhares de pessoas sofrem, sem casa, água ou alimentos, expulsas de suas casas e ameaçadas de morte. Imagine, por um momento, que era o leitor quem lá estava. Pois, é difícil, não é?
Não há muito que possamos fazer, dirão alguns. Portugal é pequeno, a nossa força diplomática insignificante, e o nosso armamento inútil para fornecer a quem se defende. Mas e então? Ficamos de braços cruzados, sentados na toalha, a refrescarmo-nos com um banho saboroso, enquanto há pessoas a serem mortas? Podemos manifestar-nos, podemos "fazer barulho" nas redes sociais, podemos provocar que os nossos governantes falem nos órgãos internacionais para que isto pare de uma vez por todas, podemos indignar-nos, em vez de esquecermos ou deixarmos para os outros resolverem.
O Papa Francisco tem feito pressão nesse sentido e ainda há dias enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e já antes tinha enviado um emissário para o Iraque, para estar perto da situação e das pessoas que sofrem. Outros líderes religiosos e políticos têm-se manifestado, mas pouco. A situação de tensão em Israel e na Palestina desvia as atenções e permite ao Estado Islâmico, o ISIS, prosseguir com os seus planos de instaurar um califado na região, matando todos os que se colocam no seu caminho. Isto parece quase o enredo de um novo filme de ação, a estrear nos cinemas, mas a verdade é que isto que pensamos que apenas acontece em filmes está a acontecer hoje, agora, enquanto estas linhas estão a ser escritas.
Ninguém tem o direito de subjugar outro a uma vida que não é dele, muito menos por via da religião. Enquanto não compreendermos isto (e têm sido muitas as ocasiões na história em que não temos compreendido), o mundo não irá ser um lugar melhor para os nossos filhos...

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