Contra a barbárie, uma resposta: democracia

RR on-lin 07-01-2015 14:18 por Pedro Leal

Perante um ataque como o de Paris, podemos correr o risco de colocarmos em causa alguns dos princípios democráticos. Mas os "inimigos" vencem se cedermos nestes pontos. 

Contra um ataque terrorista como ocorreu esta quarta-feira nas ruas de Paris só há uma resposta: democracia. Este é o único meio que as sociedades europeias têm para lutar contra este tipo de ataques – chocantes, bárbaros, inadmissíveis.

Atrás da democracia vêm todas as armas necessárias para o combate: a própria natureza democrática dos regimes europeus, a separação dos poderes, a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, a justiça, as forças de segurança e todo um conjunto de instituições que nos permitem viver em liberdade.

Perante um ataque desta dimensão, podemos correr o risco de colocarmos em causa alguns destes princípios. Mas os "inimigos" vencem se cedermos nestes pontos. O novo paradigma em que vivemos tem um novo "nós" e um novo "eles", mas quem está errado não somos "nós" – são "eles", os extremistas sem religião, fanáticos de uma crença que, verdadeiramente, não segue nenhum deus.

Se cedermos nestes pontos, cedemos no que há séculos é essencial para a cultura ocidental, de cariz judaico-cristã, e aí são os nossos valores que ficam em causa. Não podemos ceder neste ponto.

Mas sendo assim, é também é verdade que devemos ser mais vigilantes, mais rigorosos, mais exigentes com quem na Europa pretende ser acolhido. E aqui os estados têm uma responsabilidade. Não se pode contemporizar contra quem abertamente ameaça os valores democráticos. Não são necessários poderes especiais, apenas coragem para agir nos momentos chave.

São também necessários orçamentos de defesa e segurança interna compatíveis com o nível da ameaça. Como esta quarta-feira ficou provado, o combate ideológico sobre os investimentos em forças de defesa e segurança fica ridículo perante a realidade do que aconteceu em Paris. O terrorismo não é de esquerda, nem de direita, e por isso a resposta não pode variar conforme a matiz ideológica, nem se compadece com receitas liberais de um estado diminuto.

O ataque desta manhã foi cobarde e muito difícil de antecipar ou controlar. A resposta terá de ser a longo prazo, com um grande investimento na área da informação (sim, estou a falar de serviços secretos) e na área da segurança interna.

Nesta luta desigual, a Europa precisa de coragem e de líderes fortes que perante a barbárie saibam discernir prioridades.

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