Inveja é querer o mal como um bem


José Luís Nunes Martins
ionline 2015.01.17

Os invejosos vivem ao contrário, entristecem-se com a alegria alheia e alegram-se com a tristeza. Não partilham, apenas cobiçam o bem alheio e desejam o mal.
A inveja é o tormento interior que se manifesta por algo de bom que acontece a outra pessoa. Um desejo de nos apropriarmos disso, ainda que de forma indevida. Um ciúme do mundo que parece ter preferido dar a outro o que seria para nós.

Trata-se de uma má intenção que destrói por completo o coração que a acolhe e a alimenta.

Parte da ideia errada de que o outro tem – ou é – mais do que eu. Quando, na verdade, não sendo eu melhor do que ninguém, faço-me pior se não reconhecer os meus valores, passando o tempo a desejar os do outro.

A inveja é uma paixão desonesta, acompanhada de um sentimento penoso.

Os invejosos vivem ao contrário, entristecem-se com a alegria alheia e alegram-se com a tristeza. Não partilham, apenas cobiçam o bem alheio e desejam o mal.

Há quem não goste de lutar nem de trabalhar e prefira, de forma bem mais simples, invejar. Como se existissem vidas assim, perfeitas, sem nada a lamentar.

O que lastimamos na nossa vida, outros terão bem pior nas suas. Mas a inveja é cega perante a desgraça daqueles a quem quer tirar o melhor, tal como o é em relação aos próprios talentos que se vão perdendo neste incêndio íntimo que tudo devora e consome.

Há quem deseje combater de igual para igual e quem prefira fazer batota desde o início. Porque se sente menor e injustiçado. Como se as virtudes do outro fossem culpas e as suas boas obras crimes... há uma certa vontade de destruir o que não se pode possuir.

Só quem aspira ao seu próprio bem, quem está disposto a partilhar os esforços com outros, quem vê nos talentos alheios uma inspiração e um sinal de como também pode cultivar os seus, chegará ao mais alto patamar da existência: a viver a sua vida.

Sempre haverá inveja e quem procure destruir aqueles que julga estarem no seu lugar. É algo quase natural, pois é o mecanismo mais comum dos que não lutam por aquilo que querem.

É uma virtude excelente ser capaz de escolher viver sem sentir inveja por ninguém.

Quem sofre pelas vitórias do outro sofrerá ainda mais quando se der conta de que desperdiçou o seu maior bem: a verdadeira paz.

Há quem chegue a esconder as suas alegrias para não ser alvo de inveja, pois que, de uma forma ou outra, o sufoco dos invejosos acaba sempre por, muito ou pouco, afetar quem deles é alvo. Mas decidir esconder a alegria não é uma estratégia de defesa contra a inveja, mas sim um efeito concreto da mesma...

É essencial que saibamos defender-nos da inveja alheia, não permitindo que nada na nossa vida seja alterado por ela. Mas ainda mais importante é conseguir arrancar cada raiz e cada tronco de cobiça que exista em nós. Afinal, muito pior do que ser vítima de inveja é ser fonte dela...

Sempre existirá quem não seja capaz de se dar conta dos espinhos que existem por dentro de cada coroa, quem afirme que é mentira o que não compreende. Este desgosto constante impede quem o alimenta de viver de forma autêntica, de sorrir e de chorar pelo seu próprio mundo... alegrar-se com as alegrias dos outros, ter a honra de partilhar tristezas que não são suas, contribuir para um mundo melhor, melhorando-se a si mesmo... apesar de tudo.

A inveja quer o que há de bom na vida do outro. Esquece-se do melhor que pode haver na sua… Cobiça o bem do outro, mas não valoriza o seu.

A inveja é própria de quem se perdeu.

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