Tetra avô - O caminho da maturidade


Pedro Aguiar Pinto, 2015.03.12

Nasceu ontem o nosso quarto neto, que por sinal é uma neta a quem os pais chamaram Maria Leonor.
Como escreveu a Inês num mail que enviou aos amigos com algumas fotografias, ela é esplêndida e cheia de vitalidade.
É também o quarto neto, o que já deveria fazer com que o seu nascimento fosse quase banal.
Mas foi tudo menos isso. Foi um acontecimento com a dimensão do milagre. Acho que é sempre, só que habitualmente não se dá por isso, mas ontem, demo-nos verdadeiramente conta do espantoso milagre que é o nascimento de mais um ser humano.
Dei comigo a "folhear" o Povo procurando entender este caminho de avô, que faço ao lado da avó, testemunhando a maturidade dos pais e o crescimento dos netos que juntos fazem esta família.
Há quase sete anos nasceu um menino, o nosso primeiro neto, Gonçalo Maria.
Na altura, reagindo aos comentários de avô babado, procurei perceber o que queria dizer ser Avô e em que medida é que "avô babado" identificava a minha reacção. A palavra "espanto" foi a que encontrei para descrever a reacção perante um novo ser que tem o futuro todo à sua frente e também para descrever a competência maternal que descobria na nossa filha que parecia dominar inteiramente tudo o que era preciso fazer...
É bonito ver a relação que se cria naturalmente entre crianças muito pequenas que partilham a vida e se chamam de irmãos (aliás, tratam-se hoje, por manos).
Há 2 anos e meio nasceu o Pedro Maria. Nesse dia fiz o ponto de situação da minha consciência de ser avô.
Naqueles quatro anos aprendi que o papel dos avós é diferente do papel dos pais, mas que não pode nem deve prescindir da sua missão educativa, já que educar é fazer crescer: a diferença está na discrição e no lugar recuado no palco.
Aprendi com os filhos, isto é, vi, comovido, como educam os seus filhos, muito especialmente como reconhecem quotidianamente nos pequenos gestos,  a permanente presença do divino na família.
O Pedro nasceu no início do Ano da Fé. As circunstâncias difíceis da sua vida, vividas com intensidade, têm sido escola de humanidade para os pais, os irmãos, os avós e todos quantos testemunharam a vida desta família mais de perto.
Na casa do Pedro, que passou a ser o centro da família, aquela educação quotidiana para o reconhecimento da soberania de Deus nas nossas vidas (oração da manhã, antes das refeições, oração da noite), viu que, subitamente, a Fé, isto é, o reconhecimento de uma presença, passou a ter uma concretização totalmente carnal: a quem é preciso cuidar, mudar a fralda, dar de comer, limpar a baba, ligar o oxigénio, aspirar, levar para o hospital, viver no hospital...
A "normalidade" da vida especial desta família especial é um milagre quotidiano de que hoje especialmente me dou conta com comoção.
O caminho da maturidade, isto é, a estrada que faço na vida, procurando, razões e significado, energia para com entusiasmo e determinação enfrentar  a vida e as suas dificuldades é ajudado pelo testemunho da família da minha filha e do meu genro e do seu próprio caminho de crescimento e maturação.
Há dias, a Inês contou-nos da sua experiência de maternidade (A maternidade e o mito de ter filhos) com um realismo que me comove.
Por isso, o nascimento da Maria Leonor, a sua vida e o seu lugar nesta família são um verdadeiro milagre.
Os filhos são-nos dados para os introduzirmos no caminho para o destino.
Para ser avô é preciso, primeiro, ser-se pai.
Como pai da Inês e "tio" do Gonçalo testemunho na vossa família um caminho de maturidade que me educa, me edifica e de que estou imensamente agradecido.


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