Enganados pela comunicação social

RR online 08-05-2015 16:13 Raquel Abecasis 

Afinal, os conservadores ganharam com uma maioria reforçada, sem precisarem de coligações para governar e a uma larguíssima distância dos trabalhistas.
Ao anúncio dos resultados oficiais das eleições no Reino Unido, seguiu-se uma procissão de demissões de líderes dos principais partidos políticos com resultados que ficaram muito aquém das expectativas. Fazem bem, não alcançaram resultados, não estiveram à altura do desafio, saem de cena. 
Mas nestas eleições houve muito mais gente a falhar, com falhas que muito provavelmente influenciaram o resultado final. 
Quem leu e ouviu a comunicação social nos últimos dias ficou com a ideia de que a confusão política no Reino Unido era mais do que muita, o eleitorado estaria disponível para tudo, menos para votar nos partidos tradicionais. 
Os conservadores, e particularmente David Cameron, tinham falhado com uma anunciada recuperação económica que – diziam - só se sente nas estatísticas e que (onde é que já ouvimos isto?...) ainda não chegou ao bolso dos britânicos. Razão mais do que suficiente para uma derrota certa dos conservadores. 
Afinal, os conservadores ganharam com uma maioria reforçada, sem precisarem de coligações para governar e a uma larguíssima distância dos trabalhistas. 
Jornalistas, comentadores e especialistas em sondagens enganaram-se redondamente e desses não há nem sombra de pedidos de desculpa. Pelo contrário, procuram agora justificar o erro com leituras sobre o particular sistema eleitoral britânico, como se não o conhecessem já. 
Esta é, no fundo, a questão: a imprensa e a opinião publicada são mais à esquerda e mais radicais do que é, normalmente, o eleitorado e cada vez mais deixam que essa tendência influencie comentários, notícias e sondagens. 
No caso britânico, os alarmismos dos últimos dias acabaram num voto conservador e numa aposta do eleitorado no que têm por certo e não no incerto. Já tinha sido assim nas autárquicas francesas, em que a Frente Nacional ficou muito aquém dos resultados triunfais que a imprensa previa. 
Os média enganaram-se e enganaram-nos e, no fim do dia, o que fazem é lamentar que os seus desejos não se concretizem, como hoje se percebe numa significativa primeira página do "Daily Mirror", um jornal que apoia os trabalhistas: "Mais cinco malditos anos?" 
Malditos para quem?

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