O factor Pontifex

JOÃO MARCHANTE Eternas saudades do futuro, 13.6.15

Em recente simpática reunião social, na qual irrompi de passagem, a dona da casa, às tantas, disse que não compreendia como certa pessoa da minha geração tinha carisma e liderança desde os tempos da adolescência. Isto depois de se terem contado extraordinárias histórias  sobre o meu liceu, várias das suas inesquecíveis personagens e muitos dos seus originalíssimos grupos. A autora da afirmação, que não andou na mesma escola, estranhava o facto de haver uma mulher que, segundo ela, não sendo bonita nem simpática, tinha esse poder. Ora a figura mencionada, da minha idade e do meu liceu, limitava-se a fazer aquele pequeno nada que é tudo, e aí residia o segredo do seu sucesso: lançava pontes entres as referidas personagens e entre os respectivos grupos; todos eles, à partida, aparentemente, inconciliáveis. Estamos assim perante um moderno exemplo de alguém a quem já na antiguidade pré-cristã se chamava pontifex. Em português traduz-se por pontífice e é precisamente por definição um construtor de pontes. Nas comunidades tradicionais, desde tempos ancestrais, os povos escolhiam as pessoas com esta qualidade para chefes.   

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