Viagens e vistas

MIGUEL ESTEVES CARDOSO   12.06.17   PÚBLICO

No último FT Weekend Paul Richardson fazia o elogio da Serra da Estrela, dizendo que faz lembrar as Highlands da Escócia, apesar de "estar a duas horas dos longos areais do Atlântico. Aliás, a Serra combina-se bem com uma viagem à praia, parando em Coimbra antiga pelo caminho".

Foi convidado pelo Turismo do Centro de Portugal que fez um bom trabalho com a organização da visita. De certeza que não fui o único leitor português que ficou cheio de vontade de ver aquelas magníficas paisagens e aldeias: os olhares dos viajantes estrangeiros são sempre os mais tentadores.

Em Portugal tudo fica perto mas foi preciso ler os pensamentos de Richardson para me lembrar que quem estiver numa praia perto de Lisboa está a apenas três horas da Serra da Estrela. Pode-se ir à praia, almoçar na Mealhada, passar a tarde a passear pelo Piodão e Manteigas e voltar a casa a tempo de jantar.


Em Lisboa estamos a três horas de quase tudo. É impossível imaginar uma viagem dentro de Portugal que ocupe mais de oito horas, de ida e volta. Quer isto dizer que, ao longo de 24 horas, pode-se voltar lá pelo menos três vezes...

O país é pequeno mas, para torná-lo maior, as nossas vistas são curtas. Pensamos que uma viagem de meia-hora já é muito longe. Com os nossos temores de viagens conseguimos atingir as dimensões da Austrália. Recusamos admitir que Portugal é pequeno. Ser pequeno é uma qualidade. Mas Portugal continua grande demais para ser conhecido pelos próprios portugueses. Pensando bem, até é bem visto.

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